"Que te devolvam a alma homem do nosso tempo. Pede isso a Deus ou às coisas que acreditas: à terra, às águas, à noite desmedida. Uiva se quiseres, ao teu próprio ventre se é ele quem comanda a tua vida, não importa... Pede à mulher, àquela que foi noiva, à que se fez amiga. Abre a tua boca, ulula, pede à chuva. Ruge como se tivesses no peito uma enorme ferida, escancara a tua boca, regouga: A ALMA. A ALMA DE VOLTA." (Hilda Hilst)



05/11/2008

Florescência


Onde antes Hera*,
Nem sei bem quando
Num dia de outono, a sonhar primaveras,
Telúricas estrelas, que quedavam-se cansadas
De iluminar das alturas pontes e estradas,
Choveram-se então por muitas madrugadas,
Até que um dia – num dia de
verão
Rasgaram-se em brotos, vestindo-se de chão,
Explodiram-se em cores,
Alaranjantes azuis que pariram-se em horizontes...
Onde antes Hera – nem sei bem quando ou onde,
Estrelas cadentes, feitas sementes de amanhãs,
Transmutaram-se em
hojes repletos de flores!

(poema de minha autoria, 2001)

* Denise Maria Cordeiro, em seu oráculo: “Jardim Interior” (Ed Pensamento), fala sobre a Hera:

Originária da extremidade meridional da América do Sul e Austrália, onde é uma árvore que se sustenta por si só. Ao ser levada para o norte, a hera tornou-se uma planta rastejante enroscando-se nas árvores e muros. Insistindo em florescer durante o mês de novembro (inverno no hemisfério norte), mostra um forte apego ao seu antigo período de florescimento: o verão do hemisfério sul.
Sua mensagem é: viver do passado é perder o presente. Despeça-se do que passou, agradecendo a tudo o que serviu como aprendizado e crescimento. Agora olhe à sua frente e à sua volta. Use sua perseverança e força interior. A Natureza conspira a seu favor
.


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