"Que te devolvam a alma homem do nosso tempo. Pede isso a Deus ou às coisas que acreditas: à terra, às águas, à noite desmedida. Uiva se quiseres, ao teu próprio ventre se é ele quem comanda a tua vida, não importa... Pede à mulher, àquela que foi noiva, à que se fez amiga. Abre a tua boca, ulula, pede à chuva. Ruge como se tivesses no peito uma enorme ferida, escancara a tua boca, regouga: A ALMA. A ALMA DE VOLTA." (Hilda Hilst)



15/04/2010

"¿Cómo hacerte saber que siempre hay tiempo? Que uno sólo tiene que buscarlo y dárselo... Que nadie establece normas salvo la vida."


 
Nunca me esqueci de uma frase que li em algum lugar, na época da minha adolescência: "tempo é uma questão de preferência". Sempre estive envolvida em muitos projetos - além de ser ariana, que tem fogo prá mais de metro (o ariano se alimenta de paixão!), pela tipologia junguiana, sou Intuição (cujo elemento correspondente também é o fogo!), e para esse tipo tudo o que pode ser imaginado é realidade plausível de ser concretizada... Eu sempre, por isso, busquei encontrar um lugar na minha vida para tudo o que me apaixona, me encanta, me chama... (e como Benedetti diz nesse poema: "quando não há prazer nas coisas não se está vivendo"). Então, fiz 2 faculdades ao mesmo tempo (Psicologia de dia e Artes Plásticas à noite), e ainda me dedicava à meditação zen, Yoga, sair com os amigos, namorar, e por aí vai...
Sempre trabalhei em mais de um lugar ao mesmo tempo, e houve um tempo em que eu trabalhava na Prefeitura (nun centro de convivência onde coordenava oficinas de criatividade, Yoga, desenho e pintura, entre outras), atendia em meu consultório, dava aulas em faculdade, e ainda tinha um filho pequeno... E encontrava tempo para fazer tudo o que era importante naquele momento da minha vida: estudar, ensinar, atender, ser mãe... Por isso, fico pasma quando alguém utiliza a "falta de tempo" como desculpa para não fazer alguma coisa que diga julgar ser de verdade importante. Aliás, o problema é com a des-culpa (como boa ariana que sou, prezo muito a sinceridade e a verdade nos relacionamentos): se é feita uma escolha de priorizar algo e não priorizar outra coisa (escolho me dedicar a isso agora e não àquilo), e isso é colocado para todos os envolvidos com verdade e honestidade ("as coisas cara a cara são honestas"), não há culpa que precise ser des-culpada, e ninguém precisa se machucar por isso...
Pois é, me parece então que o tempo tem relação direta com os afetos (o que nos afeta e o que valorizamos): "nada estabelece normas, exceto a vida" que escolhemos viver. E o que é realmente importante para a nossa vida precisa ter um lugar, e a dedicação de nosso tempo e amor (pois o amor é como a água: sem ela nenhuma semente pode germinar...). O tempo e o espaço, como Einsten já nos ensinou, são relativos, plásticos, maleáveis (ainda mais agora, em que a Internet entrou em cena!). Eles formam uma trama, tecida por linhas de forças que se entrecruzam, contraindo-se e expandindo-se, caracterizando um fluxo contínuo de acontecimentos, onde encontramos rotas que podem ser trilhadas de várias formas, em que "voltar não significa retroceder", e "retroceder também pode ser avançar", e é nessa trama que bordamos as nossas histórias vivenciadas, as quais podem ser recriadas a qualquer momento... Essas histórias vão compondo, com suas cores e formas, o nosso tapete pessoal (como um "tapete de orações" demarcando o nosso "espaço sagrado"), que à semelhança do tapete de Sherazade, pode nos elevar acima de nosso pequeno ego e nos levar a uma visão mais ampla de nossa humanidade, evidenciando a necessidade de estarmos em conexão com os "outros de nós" para que essa humanidade se realize em vida (e para tanto "as portas não devem fechar-se", e "a maior porta é o afeto"). E com o tempo e a maturidade emocional (se nos dedicamos ao auto-aprofundamento), podemos começar a vislumbrar como a nossa história de vida, formada por todas as nossas relações, se entrelaça à história da humanidade e do cosmo (e então começamos a estar prontos para iniciar o trabalho sobre a nossa mitologia pessoal).
DESDE LOS AFECTOS

(Mario Benedetti)

¿Cómo hacerte saber que siempre hay tiempo?
Que uno sólo tiene que buscarlo y dárselo.
Que nadie establece normas salvo la vida.
Que la vida sin ciertas normas pierde forma.
Que la forma no se pierde con abrirnos.
Que abrirnos no es amar indiscriminadamente.
Que no está prohibido amar.
Que también se puede odiar.
Que el odio y el amor son afectos.
Que la agresión porque sí, hiere mucho.
Que las heridas se cierran.
Que las puertas no deben cerrarse.
Que la mayor puerta es el afecto.
Que los afectos nos definen.
Que definirse no es remar contra la corriente.
Que no cuanto más fuerte se hace el trazo más se dibuja.
Que buscar un equilibrio no implica ser tibio.
Que negar palabras implica abrir distancias.
Que encontrarse es muy hermoso.
Que el sexo forma parte de lo hermoso de la vida.
Que la vida parte del sexo.
Que el "por qué" de los niños tiene un por qué.
Que querer saber de alguien no es sólo curiosidad.
Que para saber todo de todos es curiosidad malsana.
Que nunca está de más agradecer.
Que la autodeterminación no es hacer las cosas solo.
Que nadie quiere estar solo.
Que para no estar solo hay que dar.
Que para dar debimos recibir antes.
Que para que nos den también hay que saber como pedir.
Que saber pedir no es regalarse.
Que regalarse es en definitiva no quererse.
Que para que nos quieran debemos demostrar qué somos.
Que para que alguien sea hay que ayudarlo.
Que ayudar es poder alentar y apoyar.
Que adular no es ayudar.
Que adular es tan pernicioso como dar vuelta la cara.
Que las cosas cara a cara son honestas.
Que nadie es honesto porque no roba.
Que el que roba no es ladrón por placer.
Que cuando no hay placer en las cosas no se está viviendo.
Que para sentir la vida no hay que olvidarse que existe la muerte.
Que se puede estar muerto en vida.
Que se siente con el cuerpo y la mente.
Que con los oídos se escucha.
Que cuesta ser sensible y no herirse.
Que herirse no es desangrarse.
Que para no ser heridos levantamos muros.
Que quien siembra muros no recoge nada.
Que casi todos somos albañiles de muros.
Que sería mejor construir puentes.
Que sobre ellos se va a la otra orilla y también se vuelve.
Que volver no implica retroceder.
Que retroceder también puede ser avanzar.
Que no por mucho avanzar se amanece cerca del sol.

Cómo hacerte saber que nadie establece normas salvo la vida?