"Que te devolvam a alma homem do nosso tempo. Pede isso a Deus ou às coisas que acreditas: à terra, às águas, à noite desmedida. Uiva se quiseres, ao teu próprio ventre se é ele quem comanda a tua vida, não importa... Pede à mulher, àquela que foi noiva, à que se fez amiga. Abre a tua boca, ulula, pede à chuva. Ruge como se tivesses no peito uma enorme ferida, escancara a tua boca, regouga: A ALMA. A ALMA DE VOLTA." (Hilda Hilst)



03/01/2011

Homenagem à Dioniso, deus grego do êxtase e do entusiasmo

“O entusiasmo é ter um deus dentro de si, identificar-se com ele, co-participando da divindade” (Junito Brandão)
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Não preciso nem dizer - mas é sempre bom lembrar - que embriagar-se refere-se aqui (pelo menos foi essa a minha referência ao escolher esse poema) ao sentido simbólico do termo, dionisíaco, pois Dioniso nos brindou com a "loucura sagrada" que nos salva da mediocridade de uma vida vã e sem significado. Se quiser ler mais sobre Dioniso (e algumas semelhanças entre o seu mito e de Cristo, veja na minha postagem: http://patriciapinna.blogspot.com/2009/01/loucura-sagrada-de-dioniso-jesus-cristo.html
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"É preciso estar sempre embriagado. Aí está: eis a única questão. Para não sentirem o fardo horrível do Tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem descanso.
Com quê? Com vinho, poesia ou virtude, a escolher. Mas embriaguem-se.
E se, porventura, nos degraus de um palácio, sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna do quarto, a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar, pergunte ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão: "É hora de embriagar-se! Para não serem os escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se; embriaguem-se sem descanso". Com vinho, poesia ou virtude, a escolher."
(Charles Baudelaire)



"No vinho, criado por Dioniso para favorecer esse estado de "loucura sagrada" (...), em que podemos transcender os limites do ego para abarcar os outros aspectos (inconscientes) de nossa constituição psíquica, a Água, feminina, e o Fogo, masculino, são relacionados e sintetizados, expressando simbolicamente o grande mistério da conjunção dessas substâncias aparentemente incompatíveis (pois o vinho, assim como a experiência amorosa, é como uma água ardente, um sentimento que aquece o corpo e a alma, promovendo a sua fusão...)." (trecho da minha postagem sobre Dioniso citada acima)
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Que possamos então celebrar a Vida e comemorar a entrada de 2011 em nossas vidas com muito entusiasmo e com muito amor!

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